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Literatura, Tempo, Imprensa, Taylor entre outros: fala-se tudo e nada…

11/01/2014 22:51

Literatura, Tempo, Imprensa, Taylor entre outros: fala-se tudo e nada…

Fábio Oliveira Santos

Muitas são as mudanças desde o século passado, principalmente do olhar ou à maneira como avaliamos os fatos, os acontecimentos, a literatura entre outros. No entanto, importantíssimo a meu ver, é o aspecto literário, essencial, uma vez que nos faz construir realidades, senão sociais, ao menos individuais, daí uma importância impar, ou par, quem sabe até singular, mas que tenha importância. No topo, diria, pelo menos do ponto de vista imaginário, deve vir a literatura as demais em seguida ou quem sabe de maneira paralela. Corrijo-me, não se deve ter hierarquia. Cada qual elege as prioridades! Mais democrático, mais parecido com este século XXI.

A tradição literária da maneira como conhecemos na modernidade somente pode acontecer devido à invenção da imprensa de Gutemberg[1] mais ou menos em 1439, não que não existisse outro tipo de escrita, muito pelo contrário, havia sim, como, por exemplo, os papiros escritos pelos escribas para a elite egípcia. A mudança que a imprensa trouxe é de outra ordem, uma vez que todos os meios de escrita anteriores eram dirigidos a pequenos grupos. Após a revolução “Gutembergniana” inicia-se o acesso em massa do conhecimento produzido, uma espécie de internet do século XV.

Por meio desta invenção o conhecimento pode ser compartilhado e reinventado, uma vez que se constrói cultura sempre do ponto de partida da cultura existente, neste processo, Said (1995), afirma que jamais é possível destruir o que está posto, mas existe a possibilidade de subversão no sentido de mudança, ou resistência.

Cabe pontuar algo semelhante, porém de outra substância. A burguesia sempre teve o sonho de obter mais lucro com o mínimo de trabalho, logo diversas ideologias foram construídas para justificar a busca pelo capital, mas nenhuma invenção adequou-se melhor a estes interesses do que o controle do tempo a partir da administração científica de Taylor. Segundo Rago (2003), o controle do tempo ajudou ideologicamente a concretizar os ideais do capital, pois além de adocicar as sociedades e os trabalhadores por meio do tempo determinado, legitimou a dominação. O relógio domina a sociedade a favor dos interesses capitais.

No entanto, mesmo o controle rígido deste tempo não impediu que os trabalhadores de alguma maneira subvertessem os interesses implícitos, movimentos de resistência continuavam vivos, sejam nas artes, no trabalho ou mesmo na literatura. A inventividade humana sempre lutou e resistiu ao controle do tempo. Não no sentido grego, de ultrapassar a existência, mas para a própria existência.

BIBLIOGRAFIA.

CARVALHO de Nelly. Publicidade: a linguagem da sedução; São Paulo: Editora Ática, 2002.

RAGO, Luiza Maragreth. O que é Taylorismo? Luzia Margareth Rago, Eduardo F. P. Moreira. São Paulo: Brasiliense, 2003.

SAID, Edward W. Cultura e Imperialismo; tradução Denise Bottman, São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

 



[1]Discussão encontrada em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Johannes_Gutenberg Acesso em: 17/12/2013.

 

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