O Mito fundador: Brasil sem desigualdades, reconstrução das grandes corporações midiáticas.
06/10/2013 20:45O Mito fundador: Brasil sem desigualdades, reconstrução das grandes corporações midiáticas.
Fábio Oliveira Santos
e-mail: fabio_spmar@hotmail.com
Introdução: De uma maneira ou de outra as ideologias não surgiram do nada, foram, evidentemente construídas, no Brasil iniciou-se com a ideia de paraíso, sustentáculo sempre revisitado quando se pretende conduzir a sociedade à determinada opinião no sentido de mascarar a realidade, ideias que são reproduzidas pelas grandes mídias.
Palavras Chaves: mito fundador, ideologia, sociedade, mídias.
Iniciou-se com o discurso da construção do paraíso, jardim do Éden, mito fundador e originário. Construído como instrumento de organização social, o mito fundador, entre outras coisas, foi constituído a partir da ideia de manipulação das raízes históricas criando a percepção de um país grande, devido, a diversos aspectos, entre eles, à natureza, de homens cordiais, no sentido de Holanda (1995) e, sobretudo, sem desigualdades sociais. Com a construção do mito fundador ergueu-se as bases para a construção da ideologia brasileira, tanto do ponto de vista da legitimação do poder quanto da cordialidade do povo.
Para Souza (2004), o mito fundador está impregnado dos valores das elites burguesas, isso tanto do ponto de vista econômico, como político e cultural, desse aspecto, de acordo com Chauí (2007), a ideologia têm seus poços cheios de água onde sempre se pode retornar para bebê-la, renova-se sempre que se tem sede, ou necessidade.
Toda esta estrutura propiciou o reconhecimento ideológico do Brasil como país sem discriminação, sem pobreza ou sem desigualdades sociais, devido ao mito fundador. A ideologia do ponto de vista de Marx (2004), como véu que encobre a realidade. No entanto, mesmo isso não acontece de maneira alienada, ao contrário, são pensadas e produzidas com determinados fins, muitas vezes não claros.
Na formação cultural brasileira os discursos construídos, de uma maneira ou de outra, foram sempre a representação dos interesses econômicos no sentido de aculturação das massas, para Said (1995), a produção cultural legitima a dominação, para Chauí (2001), algo que converge para as reflexões ideológicas estruturantes. De outro aspecto, o mito fundador serviu de base para assegurar a escravidão, base econômica, e a partir daí desenvolver o que Gorender (2004) chamou de fase de acumulação de capital.
Os grandes Conglomerados midiáticos.
Responsável pela perpetuação ideológica, as grandes empresas midiáticas têm a função de manter as massas sob controle, ou de outro modo, conduzir a opinião pública de maneira a legitimar o poder. De acordo com Atilio Boron[1] os grandes conglomerados midiáticos estão assumindo a função de partidos políticos que não representam mais “os setores conservadores da sociedade[2]”. De outro aspecto, denota-se a tentativa de se manter as massas sobre determinadas estruturas tanto ideológicas, como políticas conservadoras.
Ainda no mesmo sentido, é necessário observar que: “Tais perspectivas, não necessariamente assumidas neste trabalho, demonstram em sua pluralidade um encaixe cada vez mais vigoroso entre mídias e economia” (RUBIM, 2000 p. 26), ou seja, com a complexidade social e a necessidade de se manter a ordem vigente os grandes conglomerados midiáticos participam efetivamente das questões de ordem política e econômica forjando o que o autor chama de consumo em todos os seus sentidos. Esta perspectiva não nasce, renova-se por meio do mito fundador.
Considerações Finais.
De uma maneira ou de outra as ideologias não surgiram do nada, foram, evidentemente construídas, no Brasil iniciou-se com a ideia de paraíso, sustentáculo sempre revisitado quando se pretende conduzir a sociedade à determinada opinião no sentido de mascarar a realidade ou no mínimo subvertê-la, eis a tarefa dos grandes conglomerados midiáticos. No entanto, outro aspecto deve ser considerado como, por exemplo, novos veículos de comunicação que são utilizados pelas redes sociais, uma espécie de contracultura.
BIBLIOGRAFIA.
CHAUÍ, Marilena. Brasil: Mito Fundador e Sociedade autoritária; 7º reimpressão, Editora Fundação Perseu Abramo, 2007.
CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia?; São Paulo: Brasiliense, 2001.
GORONDER, Jacob. A Burguesia Brasileira; São Paulo: Brasiliense, 2004.
HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil; 26º edição – São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
MARX, Karl. Manuscritos econômicos - filosóficos; tradução e notas Jesus Ranieri; São Paulo: Boitempo, 2004.
PAULO NETTO, José. Introdução ao estudo do método de Marx; 1º edição, São Paulo: Expressão Popular, 2011.
RUBIM, Antonio Albino Canelas. A contemporaneidade como idade mídia. Interface (Botucatu) [online]. 2000, vol.4, n.7, pp. 25-36. ISSN 1807-5762. Retirado de: https://www.scielo.br/pdf/icse/v4n7/03.pdf Acesso em: 07/09/2013.
SAID, Edward W. Cultura e Imperialismo; tradução Denise Bottman, São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
SOUZA, Meriti de. Mito fundador, narrativas e história oficial: representações identitárias na cultura brasileira; VII Congresso – Luso – Afro – Brasileiro de Ciências Sociais, Coimbra 16, 17, e 18 de setembro de 2004. Retirado de: https://www.ces.uc.pt/lab2004/inscricao/pdfs/painel46/MeritiDeSouza.pdf Acesso em: 07/09/2013.
[1] Discussão retirada em: https://www.brasildefato.com.br/node/10995 Acesso em: 05/09/2013.
[2] Idem.
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